A
vida
A vida – é crua
Envelhece a alma
Antes mesmo que ela possaColher flores
As feridas – abre-as
E ri descomedidamente
Um riso obsceno
A vida
Rio caudaloso
Revolvendo pedras profundas
Desfazendo margens
A vida...
Sabe-se de ombros
Que tentam carregá-la
E de mulheres desdobráveis
E de homens-passarinho
E aquelas que passam e ninguém vê
E Aquele que te olha enciumado
E essa vida crua
Sem os vermelhos
Sem os rútilos
Só a velhice com suas dores
A vida – é crua
Meus amigos.