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By Ferramentas Blog

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

DIAS ATRÁS





Arrancaram os trilhos do trem.
Os mesmos trilhos, onde ainda ontem eu brinquei.
E neles eu me equilibrava de olhos fechados
só pra vida passar mais devagar...
Arrancaram os trilhos do trem,
e junto, um pedaço meu.
As paralelas linhas sem fim
aonde caminhavam meus sonhos
e nessas linhas podia me imaginar...
- cada dia diferente -
Para onde?
Onde estão agora os meus trilhos?
Onde foram parar minhas pegadas?
Com elas deixei tantas lembranças...
... de uma juventude perdida no tempo
e que nas paralelas não puderam voltar.
Os amigos - como riam...
Num vai e vem bucólico
vida simples e sossegada
tardes de domingo
de mãos dadas.
Arrancaram os trilhos do trem.
Não deixaram nada no lugar.
Levaram nossas lembranças.
E nossos caminhos.
Dormentes.
E nesse descompasso espectral
figuras sem matiz alguma
às vezes me chamam para sonhar...
E elas se enchem de cores
e voltam meus sonhos
e as risadas de domingo
Ouvindo o apito do trem.




sábado, 19 de fevereiro de 2011




SERÁ...





Será...
que da vida nada levarei
sem ter vivido um dia apenas
com o teu amor?


Será...
que verei o mar novamente
sorrirei ao poente
ao lado teu?


Será...
que o ano novo que brindo
me traz de novo alegria
de estar junto a ti?


Será...
que essa tristeza insana
vai-se de minha alma
por não saber onde estás?


Será...
mais um dia sozinha
sonhando acordada
com os carinhos teus?


Será...
que serei feliz novamente
olhando a lua no céu
te amarei diferente?


Será...
que beijando em pensamento
chego ao firmamento
e acerto teu coração?


Será...
que escrevendo ao vento
as palavras te encontrem
e voltas pra perto de mim?


Será...
que amei de verdade
ou foi pura vontade
de sentir tanta saudade?





sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

A última sonata




A última sonata


Véus coloridos cobriam os rostos das mulheres da vila. Todas por baixo do véu levavam no coração uma lágrima insistente que caia lúgubre. Todas musas do grande poeta, que cedo fora encantar outros céus, com seus cantos. Cada véu trazia um sentimento, uma lembrança, uma vontade de estar novamente nas letras sedutoras que deslizavam em matizes nas folhas brancas.

O véu negro trazia a alegria de ser lembrada entre tantos outros véus que cobriam rostos mais jovens. Em azul-turquesa uma saudade que jamais iria abrandar. Um verde mar que varria a areia da praia em ondas sinuantes. Rosa cor da pureza que fora desvirginada nos sentimentos libidinosos. Um perfume lilás invadia suavemente narinas masculinas. Em amarelo uma dor infinita que dourara tantos poemas. Alarajando o dia feito pôr-do-sol sofria por baixo do véu outro rosto triste. E, em vermelho, a despedida suave de quem foi musa, de quem um dia foi rainha de desejos. Tantos véus coloridos.

O poeta pintou as mulheres da vila, desnudou e adornou com cores do arco-íris, enfeitando sua nudez com pérolas que exalavam perfume das flores. Só o poeta sabia as mulheres assim, só o poeta sentia as mulheres assim, só o poeta podia as mulheres assim. Minuciosamente percorria cada musa, sempre única, acariciando e alimentando seus sonhos mais íntimos. Sabia o poeta cada segredo, até os não contados, apenas suspirados em seus devaneios inspirados pela paixão.

O poeta da vila sucumbiu aos desejos mais sublimes dos véus coloridos que cobriam olhares transcendentes, olhares que se evolavam muito depois de apagar a luz. O poeta da vila deixou cedo demais os perfumes que emanavam em todas as esquinas suas nuances. O poeta da vila deixou um gosto doce de lembrança e saudade. O poeta da vila ouviu o lamento silencioso de cada véu colorido. O poeta da vila escreveu seu último poema, e uma linda canção ouviu-se por todo lado, e o céu encheu-se de cores, e o perfume das flores foi sentido em cada pétala, e em cada sentimento uma emoção transbordava diferente.

E assim o poeta da vila partiu levando consigo tantos véus quanto amou.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

Que mais eu poderia dizer...


que mais eu poderia dizer
anoiteceu tão rápido
as estrelas fizeram companhia
a lua, tão solitária
sua face prateada sorria
pra disfarçar sua tristeza


que mais eu poderia dizer
se o sol beija o mar
na despedida do dia
e o deixa ali
com suas rendas brancas
varrendo a areia


que mais eu poderia dizer
se as nuvens se pintam de cores
de cinza, azul ou vermelho
colorindo as vidas lá embaixo
que suspiram ao anoitecer


que mais eu poderia dizer
se a paixão é efêmera
e logo se acostuma
com a foto do porta-retratos
que é só moldura


que mais eu poderia dizer
pra que a tristeza não invada
meu corpo depois do amor
e me deixe dormir um sonho bom

eu poderia dizer
que te amo
que a lua é mágica
que o sol me aquece
o mar me refresca
as nuvens são de algodão
a paixão tão bom sentir
e que se estou contigo
não há lugar pra tristeza!


Anoiteceu, tava na cara, aquele sorriso era falso, ele tinha traido de novo, pela última vez, um som surdo escapou do 22.

Ainda sobre nós

Se amanhã o sol não brilhar
paciência
 as nuvens também tem seu brilho!
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